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Apoiadores pró-Israel utilizam ferramentas de IA para manipular narrativas online no conflito em Gaza

Impactos e experiências dos criadores de conteúdo

Criadores que experimentaram a influência desses aplicativos compartilharam suas histórias. Nys, uma criadora de conteúdo no TikTok, expressou sua preocupação com o fato de várias postagens terem sido retiradas depois que comentários pró-Israel as inundaram. Ela enfatiza que suas postagens não contêm discurso de ódio. Laura Chung, criadora de conteúdo e podcaster, acredita que uma campanha de denúncias em massa iniciada por um desses aplicativos levou à remoção de sua conta TikTok. Chung vinha criando conteúdo educacional pró-Palestina que ganhou popularidade significativa.

Joan Donovan, especialista em desinformação e propaganda e professora assistente de jornalismo na Universidade de Boston, destacou a importância destas aplicações na batalha de propaganda em curso em torno das ações de Israel em Gaza. Donovan enfatizou a necessidade de as empresas de mídia social monitorarem e abordarem seu uso, afirmando que as plataformas se tornaram campos de batalha para tropas cibernéticas e cidadãos que usam bots aprimorados por IA.

O papel dos aplicativos e suas funcionalidades

O aplicativo Moovers desempenha um papel significativo na amplificação da voz de Israel nas redes sociais. Agindo como agregador, extrai suposto conteúdo pró-Palestina do Instagram, TikTok, Facebook e outras plataformas. Os usuários podem facilmente denunciar ou comentar esse conteúdo, contribuindo para a missão do aplicativo de defender Israel.

A Leaders, uma empresa israelense de marketing influenciadora, contatou criadores de conteúdo nos Estados Unidos em dezembro, oferecendo pagamento pela promoção de Moovers no Instagram. Outro aplicativo, Words of Iron, funciona de forma semelhante, coletando postagens anti-Israel e mobilizando usuários para denunciá-las em massa. Ele também fornece relatórios de progresso aos usuários, gamificando a experiência e incentivando um maior envolvimento.

As implicações destas aplicações não se limitam apenas ao conteúdo pró-Palestina. Algumas postagens trazidas à atenção dos usuários por Words of Iron incitaram denúncias contra a criadora de conteúdo Rosy Pirani, que compartilhou uma mensagem no dia de Natal afirmando que Jesus era palestino. Como resultado, as postagens de Pirani foram restritas, banidas de certas seções e desmonetizadas.

Além disso, o Project Truth oferece aos usuários uma resposta a qualquer tweet crítico a Israel. Esta resposta pré-escrita de “verificação de fatos” pode ser facilmente copiada e colada para combater esses tweets.

O impacto disruptivo na autenticidade e integridade

Esses aplicativos levantaram preocupações sobre a autenticidade do conteúdo nas plataformas de mídia social. Nora Benavidez, da Free Press, enfatiza que essas ferramentas prejudicam a autenticidade e tornam difícil para os usuários discernirem interações reais e conteúdo genuíno em seus feeds. É essencial que as plataformas abordem esta questão e garantam a integridade das suas redes.

Emerson T. Brooking, ex-conselheiro de política cibernética do Departamento de Defesa, alerta que esses aplicativos têm como alvo específico o discurso americano e visam recrutar usuários americanos. Esta táctica diferencia a utilização destas ferramentas por Israel da forma como outras nações empregaram métodos semelhantes. O número de utilizadores envolvidos com estas aplicações permanece incerto e surgem continuamente novas aplicações com funcionalidades semelhantes.

Criadores de conteúdo com muitos seguidores, como Ameer Al-Khatahtbeh e Leslie Priscilla, experimentaram o impacto desses aplicativos em primeira mão. Inundados com o que parecem ser comentários automatizados de bots poucos minutos após a postagem, ambos enfrentam o risco constante de exclusão de contas e o desafio de navegar pelas diretrizes da comunidade das plataformas para evitar violações.

A necessidade de soluções tecnológicas

Dada a persistência das campanhas de propaganda lideradas pelos cidadãos, é crucial que as empresas tecnológicas desenvolvam estratégias eficazes para combater a utilização de tais ferramentas. A especialista em desinformação Joan Donovan insta as empresas tecnológicas a apoiarem universalmente fontes de notícias credíveis, promovendo um público informado. A indústria tecnológica de Israel, conhecida pelos seus avanços tecnológicos, há muito dedica esforços para moldar as discussões online sobre as políticas do país. Isto inclui o estabelecimento da campanha online 4IL (“Por Israel”) em 2017, concebida para promover a causa de Israel e minar o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) liderado pelos palestinianos nas redes sociais.

Para cumprir os termos de serviço das plataformas, que permitem a cópia de conteúdos e a comunicação para revisão, a utilização destas ferramentas permanece atualmente dentro de limites aceitáveis. No entanto, à medida que a influência destas aplicações continua a crescer, é imperativo que as plataformas de redes sociais desenvolvam mecanismos de defesa mais fortes contra a sua manipulação e monitorizem o seu impacto no discurso online.


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