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Argentinos se preparam para medidas de austeridade e impacto da desvalorização cambial

Impacto sobre os argentinos e a economia

Nas ruas de Buenos Aires, os argentinos enfrentam as consequências das grandes medidas de austeridade e de uma desvalorização de mais de 50% da moeda local, o peso. Este plano de choque, revelado pelo governo do novo presidente libertário Javier Milei, visa estabilizar a economia e obteve o apoio dos mercados. No entanto, as medidas suscitaram preocupações entre os cidadãos.

Agustina Ferreira, uma lojista de 19 anos da capital argentina, reconhece os benefícios teóricos do plano, mas preocupa-se com o seu impacto sobre a população. Os cortes nos subsídios levarão a contas de energia e custos de transporte mais elevados, enquanto as reduções nos gastos provavelmente prejudicarão o crescimento económico.

O impacto na vida real

A desvalorização do peso reduziu abruptamente o seu valor oficial em relação ao dólar em mais de 50%. No entanto, devido aos controlos de capitais existentes, o acesso à moeda estrangeira já era limitado e os indivíduos tinham de recorrer a mercados paralelos onde enfrentavam taxas de câmbio elevadas. Isto significa que a desvalorização pode não ter um efeito imediato nas finanças de todos.

Ainda assim, a realidade das medidas duras do governo está sendo percebida por muitos. Jose Diz, engenheiro agrônomo, diz que a notícia parece um corte salarial significativo para ele e sua família. Eles já estão reduzindo os gastos com mantimentos, e o aumento iminente dos custos de tudo torna a situação deles ainda mais difícil.

Desafios futuros e risco de agitação social

O Presidente Milei, um político de fora que capitalizou a raiva dos eleitores face à grave crise económica, alerta para uma taxa de inflação mensal que varia entre 20% e 40% nos próximos meses. Ele acredita que sem medidas rigorosas, o país poderá entrar numa espiral de hiperinflação. Milei reconhece os duros custos que temos pela frente, incluindo a estagflação – uma condição económica caracterizada por inflação elevada e recessão.

O economista Gustavo Ber, da consultoria Estudio Ber, destaca a necessidade de manter a agitação social sob controle. Muitos argentinos, exaustos por anos de volatilidade económica, estão inicialmente dispostos a dar tempo ao novo presidente para melhorar a situação. No entanto, é provável que a paciência deles se esgote se não houver progresso tangível em breve.

Facundo Marino, um trabalhador de 53 anos do centro de Buenos Aires, apoia o plano como um mal necessário para evitar uma maior deterioração. No entanto, ele expressa a dor que isso inflige às carteiras das pessoas, com o aumento da taxa de câmbio do dólar, a disparada dos preços dos bilhetes de autocarro e o aumento dos custos em geral. As dificuldades são tangíveis e afetam a vida cotidiana.


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